O Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC) enviou um ofício ao Corinthians na quarta-feira questionando o recebimento de R$ 56 milhões por meio de intermediários de pagamento fora do contrato com a Vai de Bet. O valor é referente à parte da quantia paga pela antiga patrocinadora no período em que foi parceira do clube. O caso foi noticiado primeiramente pelo GE e confirmado pelo Estadão. O Corinthians foi procurado, mas não respondeu.

No documento, ao qual a reportagem teve acesso, a polícia cita o fato de o contrato entre as partes estabelecer que a Vai de Bet utilizaria duas intermediárias para realizar as remessas ao Corinthians: a Zelu Brasil Facilitadora e a Pay Brokers. Esta última, segundo a planilha anexado aos autos do processo, foi a responsável por depositar R$ 10 milhões dos R$ 66 mi pagos ao clube.

Segundo a investigação, os outros R$ 56 milhões foram pagos por outras três intermediadoras ausentes no contrato: Otsafe e Pagfast EFX, a segunda, com dois números de CNPJ diferentes. Uma cláusula do contrato obrigava o Corinthians a manifestar aprovação prévia e expressa caso a Vai de Bet realizasse os depósitos por meio de terceiros não citados no acordo, justamente para realizar “checagem cadastral” da empresas.

O ofício solicita ao Corinthians o contato de Luís Ricardo Alves, superintendente financeiro do clube. A polícia busca entender se houve autorização por parte da diretoria. O acordo prevê a possibilidade de o pedido ser realizado por escrito. A DPPC pede a prova ao clube caso ela exista, segundo o documento

Tanto a Zelu Brasil Facilitadora e a Pay Brokers foram alvos da buscas da Polícia Civil de Pernambuco na Operação Integração, que investiga um suposto esquema de lavagem de dinheiro por meio de jogos de azar.

CASO VAI DE BET

A Vai de Bet anunciou a rescisão unilateral de contrato com o clube em 7 de junho. A decisão aconteceu após os polêmicos pagamentos da Rede Media Social Ltda, intermediária do acordo, à Neoway Soluções Integradas em Serviços Ltda, suposta empresa “laranja” cujo CNPJ está no nome de Alex Fernando André, mais conhecido como Alex Cassundé, membro da equipe de comunicação do presidente Augusto Melo. Nesta semana, a Polícia Civil notificou o clube e pediu informações sobre a intermediação do contrato de patrocínio.

Em comunicado, a patrocinadora afirmou ter tomado a decisão com base em dispositivos contratuais. “A marca avalia que não se pode manter a parceria enquanto pairar sobre o acordo qualquer suspeita em relação a condutas que fujam à conformidade com a ética e os preceitos legais. Só a dúvida, no crivo ético da marca, já é suficiente para determinar a rescisão – que foi exercida pela Vai de Bet suscitando cláusulas do contrato que protegem direitos da marca nessa decisão”, diz trecho da nota divulgada à imprensa.

Além do pagamento de R$ 360 milhões para estampar o uniforme corintiano por três temporadas, o contrato previa o também pagamento de 7% do montante líquido de cada parcela à Rede Media Social Ltda. Ou seja, 700 mil por mês ao longo de três anos, resultando em R$ 25,2 milhões ao fim do contrato. Com CNPJ ativo desde janeiro de 2021, a empresa possui um capital social declarado de R$ 10 mil. Edna Oliveira dos Santos, mulher residente na cidade de Peruíbe, litoral Sul de São Paulo, teve o nome envolvido no episódio. Há a suspeita de que ela tenha sido usada como “laranja” no caso sem a sua anuência.

A Vai de Bet é uma das investigadas na Operação Integration. A marca tem autorização da Loteria do Estado do Rio de Janeiro (Loterj) para operar em território fluminense. De acordo com as investigações, o cantor Gusttavo Lima adquiriu participação de 25% na Vai de Bet em julho. O sertanejo foi indiciado por lavagem de dinheiro e organização criminosa e chegou a ter mandado de prisão preventiva decretado, revogado no dia seguinte.

Estadão Conteúdo

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