A queda de um turista de uma falésia com cerca de 30 metros de altura durante um passeio de quadriciclo na praia de Pipa, no Rio Grande do Norte, reacendeu o alerta sobre perigos de acidentes envolvendo essas atrações turísticas presentes no litoral potiguar e em outras partes do mundo.
A queda do turista ocorreu nesta segunda-feira (15), no Chapadão de Pipa. Um ano atrás, no dia 17 de novembro, uma família morreu após um bloco de falésia cair sobre o casal e o filho deles de 7 meses de idade.
Procurados pelo g1 RN, autoridades e especialistas em falésias ressaltaram que o turismo nesses locais é seguro, porém alertam que é preciso estar atento para evitar acidentes:
De acordo com o geógrafo e professor Rodrigo Freitas, coordenador do Projeto Falésias, da UFRN, as bordas da maioria das falésias no Rio Grande do Norte são sinalizadas com placas, que orientam os turistas a permanecerem a uma distância segura da borda. Ele ressalta que o litoral tem muito vento, o que pode facilitar o desequilíbrio.
A orientação também está presente em um manual sobre falésias publicado pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema) em junho deste ano. Em caso de chuva, o manual orienta a aumentar ainda mais a distância da borda.
Outra orientação é evitar ficar próximo à base da falésia. Muitos turistas e banhistas locais costumam ficar perto dessas estruturas litorâneas para aproveitar a sombra que elas produzem.
Porém, há risco de desmoronamento de blocos de terra – foi um acidente como esse que matou a família em novembro de 2020 em Pipa. Os desmoronamentos são efeitos da forte erosão sofrido por essas estruturas, por causa das marés e ventos, por exemplo.
O professor orienta inclusive a evitar parar para tirar fotos nas placas de aviso sobre o perigo. “É uma cena comum ver as pessoas posando para foto ao lado da placa que avisa do risco de desmoronamento”, diz.
O manual do Idema orienta a observar sinais de que já houve deslizamento de terra na área próxima a falésia. Outros sinais observáveis são rachaduras e a presença de vegetação inclinada.
O Idema informou que o município de Tibau do Sul instala placas com orientação sobre risco de queda e desmoronamento nas falésias. A recomendação do órgão é que os turistas e moradores locais sempre obedeçam a sinalização e também os fiscais locais.
Coordenador do Projeto Falésias, criado neste ano na Universidade Federal do Rio Grande do Norte para fazer um estudo sobre as estruturas, o geógrafo e professor Rodrigo Freitas diz que o relatório final deverá indicar a retirada gradual de construções feitas sobre falésias em Pipa.
Por outro lado, ele ressalta que as estruturas geológicas têm importância turística, econômica e social que devem ser aproveitadas. O estudo deve ser concluído até o fim de novembro.
Pela legislação, a área de 100 metros entre a borda e o restante do continente são de motiroramento especial e nenhuma edificação deve ser feita pelo menos nos primeiros 33 metros da faixa, segundo o manual do Idema.
O Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente ainda informou por meio de sua assessoria de imprensa que as atividades de off road, como passeio de carros e quadriciclos no litoral potiguar são autorizadas por uma lei recentemente aprovada no RN, porém, que ainda está em fase de regulamentação.
O acidente envolvendo o turista de 19 anos aconteceu por volta das 16h de segunda-feira (15) nas falésias da região conhecida como Chapadão – um dos principais pontos turísticos da região. O resgate aconteceu na praia das Minas.
“Foi um milagre ele ter sobrevivido. A queda foi de cerca de 30 metros”, contou o assistente social da unidade mista de Tibau do Sul, Rosemberg Ferreira, que estava de plantão na segunda-feira (15).
Ele foi resgatado e recebeu os primeiros atendimentos na unidade do município e foi transferido para o Hospital Walfredo Gurgel, em Natal, onde passou por cirurgias. Ele teve fraturas no fêmur e na coluna, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, mas está com o quadro estável.
O acidente aconteceu praticamente um ano após parte de uma falésia desabar e matar uma família em Pipa, em Tibau do Sul. O caso aconteceu no dia 17 de novembro de 2020,.
As vítimas foram Hugo Pereira, de 32 anos, que era gerente de hotel, a esposa dele, Stella Souza, o filho de 7 meses, Sol, e o cachorro da família. Eles descansavam à sombra da falésia, quando parte dela caiu.
Após o acidente, estudos foram realizados na área para buscar soluções em relação à proteção das falésias. Em outubro, um estudo propôs a retirada planejada de construções nas falésias de Pipa.
g1 RN