O capitão da equipe abecedista, Richardson, confirmou ser mais um que pode deixar o ABC, caso o clube não melhore a proposta de renovação de contrato. O jogador, que ao lado de Wallyson foi unanimidade na lista dos pré-candidatos à presidência do Alvinegro, disse que tem até dezembro para resolver essa questão. Caso contrário, seguirá para o Capital-DF, com quem já possui um pré-contrato assinado.
Até agora, ocorreram dois contatos com o ABC. O primeiro foi com o vice-presidente de futebol, Álvaro Brito, mas a proposta inicial não agradou e sequer foi considerada pelo zagueiro e capitão abecedista. No entanto, as negociações estão avançando, e segundo o próprio atleta, ainda é cedo para definir qualquer situação nessa negociação em aberto.
“Tive uma conversa com Álvaro Brito, que me apresentou uma proposta, e de imediato não aceitei. O que foi oferecido não era viável. Esta semana, conversei novamente com os dirigentes e ficou em aberto. Recebi uma nova proposta, mas, no momento, está mais para eu não ficar. Temos até dezembro para resolver isso; sigo aguardando outras ofertas. Meu contrato com o ABC está para se encerrar e já tenho um pré-contrato com o Capital, mas nada está definido ainda”, revelou Richardson em entrevista ao programa Bate-Pronto da JPNews-Natal.
O jogador explicou que pesa uma série de fatores neste momento. Apesar do grande carinho que sente pelo ABC, ele afirmou que, como profissional de futebol, precisa pensar no futuro da sua família.
“Tenho um carinho muito grande pelo clube, mas é preciso pensar primeiro na minha família. Confesso que venho refletindo bastante e quero tomar a melhor decisão para que, no futuro, não me arrependa da transferência”, frisou, ressaltando também o carinho dos torcedores e o ambiente positivo que tem no clube.
Apesar de ser uma unanimidade junto a Wallyson para a renovação de contrato e terminar a temporada como capitão da equipe, Richardson ainda não se considera no mesmo nível dos grandes ídolos da torcida abecedista.
“Na minha primeira passagem pelo ABC, em 2019, fui muito criticado e enfrentei resistência, principalmente por ter vindo praticamente do América. Com muito trabalho, consegui superar isso. Hoje, embora não me considere um ídolo, acredito que estou no caminho certo. A faixa de capitão ajuda, mas ainda preciso trabalhar muito. Já tive mais de 150 jogos com a camisa do ABC e conquistas importantes, mas acredito que ainda tenho um caminho a percorrer para me colocar ao lado dos grandes ídolos do clube”, afirmou.
Mesmo sem desmerecer jogadores de outros centros que se tornaram ídolos em clubes potiguares, Richardson acredita que, quando o ídolo é “cria da casa”, a relação é ainda mais forte.
“Ídolo se faz em casa, e é melhor ainda quando isso acontece. É mais fácil para a torcida abraçar um jogador formado no clube. Digo isso sem desmerecer quem veio de fora e se tornou ídolo, pois isso também faz parte do futebol. Mas todos viram a trajetória do Wallyson; mesmo saindo e voltando ao clube, seu status perante a torcida nunca mudou. Tive o privilégio de trabalhar com ele e foi uma grande lição, além de uma honra dividir o quarto com um cara que foi artilheiro da Libertadores e passou por grandes clubes”, ressaltou.
Richardson lamentou que, muitas vezes, os dirigentes dos clubes não valorizem os ídolos da mesma forma que os torcedores, reforçando que seria melhor se os próprios clubes formadores começassem a valorizar mais seus atletas locais.
“As pessoas que fazem os clubes, os dirigentes, não têm a mesma visão dos torcedores em relação ao ídolo. Quando o torcedor vê o Wallyson, a reação é totalmente diferente da de qualquer dirigente ao ver o atleta. O pensamento entre eles é muito distinto. Já ouvi de dirigentes que ídolos só existem para a torcida, e isso acontece bastante no Brasil”, explicou. “Em todo o país, há uma desvalorização dos atletas formados em casa. Isso não ocorre só no ABC ou no América. Felizmente, essa realidade está melhorando, com alguns grandes clubes abrindo espaço para jovens talentos. No Nordeste, ainda há muita desvalorização. Já vi vários atletas passarem pelo ABC jogando menos que os meninos da base, mas essa garotada não recebia oportunidades”, concluiu.
Tribuna do Norte