O corpo do potiguar Antônio Rafael Bezerra, uma das vítimas do naufrágio do navio de carga em Pernambuco no domingo passado (15), foi velado na manhã desta quarta-feira (18) em Ceará-Mirim, na Região Metropolitana de Natal.
Antônio tinha 64 anos e era cozinheiro da embarcação. Ele é uma das quatro vítimas confirmadas do acidente com o navio. Outras quatro pessoas foram resgatadas com vida, e o comandante da embarcação, o potiguar Edriano Gomes de Miranda, de 48 anos, é o único tripulante que permanecia desaparecido até a manhã desta quarta.
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O corpo de Antônio Rafael Bezerra foi reconhecido pela família dele no Instituto Médico Legal (IML) do Recife na terça-feira. Em seguida, voltou ao Rio Grande do Norte para a despedida de amigos e parentes.
Segundo a família, o cozinheiro potiguar costumava fazer o trajeto de Recife para Fernando de Noronha – o mesmo que a embarcação fazia quando afundou – pelo menos duas vezes por mês.
Um outro potiguar está entre os quatro sobreviventes do naufrágio: o marinheiro auxiliar Edvaldo Baracho da Silva, de 57 anos. Ele disse que o navio afundou de maneira rápida e que precisou “nadar muito” para conseguir ser resgatado.
A Marinha e a Capitania dos Portos informaram que continuam, nesta quarta-feira (15), as buscas pelo último tripulante desaparecido, o potiguar Edriano Gomes de Miranda, que é natural de Rio do Fogo.
Edriano tem 48 anos de idade e 10 de experiência em alto mar como comandante de embarcações fazendo esse mesmo trajeto de Recife para Fernando de Noronha, além de ser mergulhador. Por conta disso, a família mantém as esperanças de encontrá-lo com vida.
Em nota nesta quarta, a Marinha informou que as buscas seguiam com o Navio-Patrulha “Macau”, embarcações e viaturas pertencentes às Capitanias dos Portos de Pernambuco e Paraíba (CPPE e CPPB), aeronaves da Força Aérea Brasileira, e com o Grupo Tático Aéreo da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco e Polícia Militar da Paraíba, além do apoio de equipe do Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba e comunidade marítima
Segundo a Marinha, os envolvidos nas buscas “seguem padrões técnicos e consideram os efeitos de correntes de deriva e ventos observados na área”. Ao todo, segundo a Marinha, 457 quilômetros quadrados foram percorridos até esta quarta.
Na terça, a esposa do comandante, Bruna da Silva, esteve em Recife e disse que Edriano mandou mensagens sobre os problemas da embarcação enquanto o navio inclinava. A mensagem foi enviada perto das 16h.
“Ele falou que o barco estava afundando, teve contato com a empresa e estava voltando para o Recife, porque estava sem condições de viajar com a quantidade de carga; era muita carga e ficou o peso para um lado. ‘Por pouco não afundou’, ele falou, ainda antes de afundar'”, disse a esposa de Edriano à TV Globo, em Recife.
O potiguar Edvaldo Baracho da Silva, de 57 anos, foi um dos quatro sobreviventes resgatados. O marinheiro auxiliar contou que os tripulantes notaram problemas com a embarcação antes dela naufragar, decidiram retornar e chamar um navio rebocador. Foi nesse momento que a embarcação afundou de vez.
“A gente chamou o rebocador, que estava aproximando, o PHS [modelo de embarcação de resgate], e ele encostou. Passamos o cabo e na hora começou a arrastar, ai ele adernou [inclinou]. Quando ele adernou, o comandante chamou no rádio. E desacelerou. Foi muito rápido, muito rápido”, contou.
O marinheiro auxiliar Edvaldo da Silva explicou ainda que o movimento de manobra do navio rebocador demorou cerca de um hora, por conta do tamanho da embarcação.
“Na hora que a embarcação virou, o rebocador cortou o cabo e nós pulamos na água. O rebocador manobrou para pegar a gente, mas, como ele é muito grande, passou mais ou menos uma hora pra ele resgatar. Eu nadei muito para chegar no rebocador”, disse.
O marinheiro auxiliar contou que esse é o segundo naufrágio que sofre. “Eu trabalhei seis anos e dei uma parada, fiquei em casa com minha irmã, que tem uma granja. Fiquei cuidando da granja. Foram dois anos parado, sem navegar. A família pediu para eu não navegar mais, porque eu tinha sofrido um naufrágio há quatro anos”, contou.
O marinheiro auxiliar disse que pensa em mudar de área após o novo susto. “Eu estou perto de me aposentar, eu quero sair dessa área”, disse.
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O navio de carga Concórdia naufragou a caminho de Fernando de Noronha na noite do domingo (15). Segundo o dono da embarcação, Antônio Gonçalves, o navio afundou nas proximidades da Ilha de Itamaracá, no Grande Recife.
Antônio Gonçalves disse que o navio transportava material de construção e alimentos. “Os porões estavam com materiais para abastecer os mercados da ilha, além de material de construção. O movimento em Noronha melhorou, o prejuízo é grande”, declarou Antônio.
A rota entre o Recife e Fernando de Noronha tem 545 quilômetros. Os navios que abastecem a ilha levam cerca de 48 horas no percurso.
O g1 entrou em contato com a Marinha do Brasil, que informou que o navio saiu do Porto do Recife e que tomou conhecimento do naufrágio na noite de domingo (15).
Segundo a autoridade marítima, o Concórdia estava a aproximadamente 8,5 milhas náuticas (cerca de 15 quilômetros) da praia de Ponta de Pedras, no município de Goiana, na Zona da Mata Norte de Pernambuco.
g1 RN