Desde que foi criado, o Instituto Metrópole Digital (IMD), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), se expandiu mais que o previsto e tem a chance de crescer mais, gerando novos 3 mil empregos e atraindo mais 50 empresas, inclusive as chamadas Big Techs. Contudo, os planos esbarram na falta de recursos que dependem da destinação de emendas parlamentares de deputados federais e senadores para se concretizar.
O diretor-geral do instituto, José Ivonildo Rego, diz que os projetos já existem, prontos para serem licitados. “Hoje a gente tem um projeto que duplica o prédio atual. Nós estamos fazendo uma aposta para até os próximos 5 anos, chegarmos a 150 empresas, gerando 5 mil empregos altamente qualificados. O que a gente está pedindo é menos do que foi investido no início do Instituto. Estamos pedindo inicialmente recursos na ordem de R$ 40 milhões”, explica Ivonildo Rêgo.
Há 15 anos, para que o instituto se tornasse realidade, buscou-se R$ 55 milhões de emendas parlamentares. Deu tão certo que o espaço ficou pequeno. O diretor diz que há quatro anos já havia um pleito de aumentar de 37 empresas, que geravam 700 empregos, para 100 empresas, totalizando 2 mil empregos. A previsão, se tivesse conseguido os recursos naquele momento, era que essa meta fosse alcançada em 2024.
Antes disso, sem ampliar a área física do IMD e sem os recursos solicitados, esses números já foram batidos. “Não conseguimos a expansão, mas já este ano, antes de 2024, chegamos às 100 empresas e ultrapassamos a previsão dos empregos. Já estamos gerando 2.500 empregos”, destaca. Sem ampliar sua área, não há como crescer.
Segundo o diretor, a estratégia de crescimento é atrair as BigTechs, empresas âncoras que geram demandas para as empresas monores, fomentando novos negócios.
Neste sentido, além do projeto para ampliar o prédio do instituto, também está prevista a construção de estruturas em uma área vizinha. “Vamos construir três blocos para recepcionar grandes empresas. Um desses blocos é para receber o centro de pesquisa e desenvolvimento da empresa Lenovo. Se já tivesse o prédio, ela já estaria aqui, empregando 60 pessoas ou mais”, conta Ivonildo.
A Lenovo é uma das maiores BigTechs do mundo. Fundada na China, é fabricante de computadores pessoais (Pcs) presente também no mercado de tablets e outros produtos de tecnologia, como smartphones, monitores, acessórios, soluções de casa inteligente e Internet das Coisas (IoT), além de especializações em software, realidade aumentada e virtual (AR/VR) e serviços de data center.
O valor para essa segunda etapa é de R$ 12 milhões por bloco, num investimento total de R$ 76 milhões, considerando os dois projetos. Para tanto, o diretor diz que tem buscado dialogar com a bancada potiguar, formada pelos senadores e deputados federais. “Estamos pedindo inicialmente R$ 40 milhões para dobrar o prédio e mais R$ 36 milhões para construir os blocos. Mas se a bancada me conseguir R$ 24 milhões, eu posso fazer parte dos projetos”.
Quanto mais tempo demorar, ele diz que as oportunidades migram para outros lugares e o estado perde a oportunidade de gerar emprego e renda e de se destacar ainda mais na área tecnológica. “Essas oportunidades estão indo para outros lugares porque a tecnologia da informação está na base de todo o processo de desenvolvimento do mundo, na base da chamada economia do conhecimento. E há carência de pessoal nesse mercado”, pontua Ivonildo Rego.
Bancada do RN pode indicar R$ 571,8 milhões em emendas
Os deputados e senadores do Rio Grande do Norte podem indicar até R$ 571 milhões no orçamento da União para 2024. Segundo o coordenador da bancada, deputado federal Benes Leocádio (União Brasil), a maior parte é para emendas de bancada (R$ 465 milhões). Os senadores dividem entre si R$ 69 milhões em emendas individuais e os deputados R$ 37,8 milhões, totalizando R$ 571,8 milhões.
Ele diz que ainda não há definição das indicações desses recursos. “Isso aí fica a critério de cada parlamentar. Após recebidas as demandas dos entes federativos, do Estado, municípios, entidades, universidades… E, de acordo com a demanda de cada um, é que ele prioriza em qual política pública destinar”, explica.
Sobre a demanda específica do Instituto Metrópole Digital, Benes confirma que já há um diálogo com o diretor Ivonildo Rêgo e que o orientou a procurar os parlamentares de forma individual. Uma reunião da bancada deve acontecer após a Comissão Mista do Orçamento no congresso definir o cronograma das discussões. “Só pode acontecer depois da aprovação da LDO (Lei das Diretrizes Orçamentárias), que a gente espera que é o final desse mês”, explica.
Além de emendas individuais, os valores pleiteados pelo IMD também podem ser indicados no orçamento através de emendas coletivas, porém, depende da forma como a bancada fará essa divisão. “Isso porque a emenda coletiva se restringe, praticamente, a quatro porque são 15 por estado e uma emenda fica a critério de cada parlamentar, que são 11 na bancada”
A restrição para emendas de coletivas aumenta porque, se uma obra for iniciada através de emenda dessas, só pode deixar de receber indicação quando for concluída. Benes explica que no RN a obra da Barragem de Oiticica, a da Reta Tabajara, a do Hospital Municipal de Natal, são alguns exemplos que precisam receber indicação nas emendas coletivas.
“A gente vai discutir e, se algumas dessas obras já estiverem com orçamento garantido para sua conclusão, abre espaço para outra”, disse. Neste ano, ele diz que surgiu uma nova, que é a obra da RN 203, conhecida como Estrada da Produção, entre São Tomé e Cerro Corá. A bancada indicou R$ 19 milhões para a retomada do projeto , parado há mais de 10 anos. “Acredito que deverá se repetir indicação para essa porque esse valor não é suficiente para finalizá-la”, prevê Benes.
Parlamentares se propõem a colaborar
Um dos parlamentares que já externou a intenção de contribuir com emenda para o Instituto Metrópole Digital (IMD) foi o senador Rogério Marinho (PL). Ele acompanhou o processo de criação do instituto, sendo responsável por direcionar emendas parlamentares quando era deputado federal, para consolidação do projeto.
“Vou tentar ajudar todos os projetos que ajudem a inovação e o desenvolvimento tecnológico de nosso estado, em especial o Metrópole, que foi um projeto que apresentamos a UFRN em 2008, apoiamos e hoje se tornou o maior e mais importante exemplo de agregação de valor mudança de paradigma na história de nosso RN”, afirmou.
Entre os deputados, o general Girão (PL) ressaltou que a Educação precisa ser uma prioridade para toda e qualquer gestão e, por isso, disse que busca apoiar, sempre que possível, as solicitações que lhes chegam. “Em relação ao Instituto Metrópole Digital, recebemos solicitações de apoio, sim, mas ainda não nos foi passado o valor solicitado da emenda. Estamos aguardando algumas informações para definir os recursos que poderemos destinar para o IMD agora em 2024, mas temos interesse em ajudar”, declarou.
O IMD disputa recursos com outras demandas que chegam aos parlamentares, inclusive, dentro da própria comunidade acadêmica, como é o caso do Hospital Universitário Ana Bezerra, em Santa Cruz. O coordenador da bancada potiguar, deputado Benes Leocádio, diz que a unidade nunca recebeu emenda parlamentar e agora pleiteia recursos para um projeto de ampliação que amplia de 60 para 90 leitos. O hospital realiza 200 cirurgias por mês, diminuindo a fila de cirurgias eletivas.
Ainda na saúde, há uma reivindicação por emendas para o Hospital Universitário Onofre Lopes e para a Liga Contra o Câncer. Outras demandas se estendem à estrutura da Polícia Rodoviária Federal nas BRs, construção de rodovias, além de reivindicações dos municípios, do Estado, inclusive obras anunciadas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Tribuna do Norte