Cineclube Mulungu tem como objetivo exibir, de forma gratuita e contínua, filmes que apresentam protagonismo negro e indígena. Foto: Divulgação
Pretos, pardos e indígenas são maioria no Brasil, mas ainda estão subrepresentados no cinema e no audiovisual. Em 2016, no último levantamento realizado pela Agência Nacional do Cinema (Ancine), apenas 2,1% dos filmes de longa-metragem (com mais de 70 minutos de duração) lançados no Brasil haviam sido dirigidos por diretores negros e nenhum dos 142 filmes lançados no período havia sido dirigido por mulheres negras ou homens e mulheres indígenas.
Mas isto não significa que só pessoas brancas produzam filmes no Brasil. De 2016 até agora, vários longas foram dirigidos por mulheres negras e realizadores indígenas que veem no audiovisual um modo de visibilizar o seu modo de olhar o mundo.
É para dar visibilidade a este tipo de produção que o Cineclube Mulungu realizará a sessão ‘Encruzilhada Potiguar dos cinemas negros e indígenas’ no dia 18 de maio, no SESC Cidade Alta, das 17h às 20h.
A programação inclui a exibição de oito filmes potiguares de curta-metragem, todos de autoria negra ou indígena, seguida de debate com os realizadores. O evento é gratuito e conta com certificados de participação. Para se inscrever, basta acessar o link na bio do cineclube Mulungu (@cineclubemulungu).
Segundo Rosy Nascimento, produtor e curador da sessão, o objetivo da mostra é apresentar um panorama contemporâneo dos cinemas indígenas e negros produzidos no território potiguar, buscando projetar imaginários disruptivos sobre o Rio Grande do Norte.
“A nossa proposta é mostrar que o RN também tem cineastas que estão preocupados com a reelaboração desses imaginários sobre o nosso território, atravessando-os com múltiplas construções identitárias, como classe, gênero, sexualidade e território. É o que nós viemos mostrar aqui, é o que nos move no Cineclube Mulungu: contar a história do Rio Grande do Norte sob outra perspectiva, para o maior número de pessoas possível”, afirma.
Habitar territórios cinematográficos, também no Rio Grande do Norte, sob um predicativo identitário não diz somente sobre quem faz, mas principalmente sobre como se faz, acrescenta Anthony Rodrigues, também produtor e curador da mostra. “Corpos racializados, narrativas outras, imagens que remontam um mundo encoberto pelas representações dominantes. É o que temos como missão projetar”, comenta.
Aprovada no Edital Poti Cultural 2022, na Linha Pluralidade das Artes, a sessão ‘Encruzilhada Potiguar dos cinemas negros e indígenas’ marca o retorno das atividades do cineclube, que iniciou as suas atividades em 2022 com o objetivo de exibir, de forma gratuita e contínua, filmes que apresentam um protagonismo racial na frente e por trás das câmeras com o intuito de levantar discussões sobre Políticas Afirmativas para o setor e contribuir com o debate sobre representação e representatividade racial no Cinema.
Serviço:
Data: 18/05
Horário: 17h às 20h
Local: Auditório Sesc – Cidade Alta (R. Cel. Bezerra, 33 – Cidade Alta, Natal – RN)
Programação (filmes que serão exibidos)
-A tradicional família brasileira – KATU (Rodrigo Sena, 2019, 25min, RN).
Sinopse: Os Guardiões da Mata Atlântica e sua resistência aos problemas atuais em desafios contemporâneos como meio ambiente e agronegócio, evangelização nas aldeias, abuso de drogas, educação indígena e ensino superior.
-Curta os Congos (Raquel Cardozo da Silva, 2021, 9min35, RN).
Sinopse: O Curta os Congos apresenta a história de Mestre Pedro Correia, seus medos e sonhos. Mas não só! Sua história transborda a individualidade e nos chama para a consciência coletiva e fortalecimento da cultura e memória local.
-Encruzilhada (Silvio Guedes, 2022, 15min59, RN).
Sinopse: Encruzilhada é um filme sobre amadurecimento e conta a história de Kamal, um jovem dançarino em sua busca por sentido no início da vida adulta.
-Mapa ao Tesouro – para meu filho não perder a sua criança (Stephanie Moreira, 2020, 2min33, RN).
Sinopse: É um vídeo poesia sobre a maternância, sobre como encontrar magia e abundância entre dois.
-Morada (Osani, 2021, 20min, RN).
Sinopse: “Morada” é um documentário que mostra um pouco sobre a cidade de Acari, localizada no Seridó Potiguar brasileiro.
-Te guardo no bolso da saudade (Rosy Nascimento, 2021, 11min, RN).
Sinopse: Uma filha tece memórias sobre a sua mãe.
-Time de dois (André Santos, 2021, 11min, RN):
Flávio e Wendel são da mesma escolinha de futebol e compartilham o sonho de serem jogadores profissionais. Flávio tem dúvidas se deve continuar tentando e com a possibilidade de sua desistência, Wendel percebe que o que eles sentem um pelo outro pode ser mais que amizade.
-Warao – Tecendo diálogos de igualdade (Aníbal Cardona, Damião Paz e Fábio de Oliveira, 2022, 19min05, RN).
Sinopse: Em um contexto diferente das terras de origem venezuelanas, as famílias Warao apresentam suas narrativas de forma potente e visível sem perderem sua ancestralidade. O presente documentário é uma forma de manter vivo o conhecimento e a beleza da cultura desse povo, que migrou para o Brasil.
Tribuna do Norte