Daniel Menezes é cientista político e professor da UFRN - Foto: Reprodução.

O cientista político e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Daniel Menezes, avalia que o Rio Grande do Norte vai ‘continuar sendo o estado lulista’, devido a pesquisas de opinião demonstrarem o presidente Lula (PT) manter prestígio entre grande parte dos potiguares. Menezes também faz uma análise sobre as gestões de Natal, comandada pelo prefeito Álvaro Dias (Republicanos) e a governadora Fátima Bezerra (PT). 

“O Estado vai continuar sendo, vamos dizer assim, o ‘Estado lulista’ porque a base de apoio de Lula se concentra muito no Nordeste e o Rio Grande do Norte não é diferente. Então, eu acho que o 2024 vai ser positivo. As pesquisas de opinião mostram que a maior parte da população está esperançosa”, conta. 

O professor aponta que o governo do presidente Lula (PT) apresentou números positivos: “crescimento de 3%, quando se esperava 0,6% no início do ano, desemprego em baixa, investimentos em alta, bolsa de valores, dólar, essas coisas. No ano de 2024, o grande desafio é controlar, em âmbito federal, o déficit das contas públicas, porque isso, se não controlado, pode gerar inflação, dificuldade para a atração de novos investimentos e confiança no governo”, relata. 

Avaliação do Governo do Estado

Daniel aponta que o Governo do RN ainda sofre com efeitos da perda de recursos que sofreu no ano passado, graças ao que chamou de “farra eleitoral de Bolsonaro”. “Mesmo com as recomposições, o governo não conseguiu recompor tudo que perdeu em 2022, no ano 2023. Além disso, também acredito que o governo teve dificuldade em segurar o crescimento da folha de servidores. Isso é um problema grave que o governo tem que enfrentar no ano 2024. Acho que vai ser um dos problemas políticos mais difíceis porque o governo vai ter que, inevitavelmente, enfrentar diversas categorias”, conta. 

Segundo o cientista político, o discurso do governo para apresentar as demandas das categorias já parece estar “pronto”, visto a derrota na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte (ALRN) em relação a manutenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em 20%. “Mas eu não sei se os servidores vão aceitar assim ‘passivamente’. Acho que, ainda assim, vão querer aumento. Mas, pelo que avalio, o governo não tem a menor condição de conceder esse aumento, porque a folha está estourada, perto dos 60%, ultrapassando o limite da responsabilidade fiscal”, relata. 

O professor acredita que no momento o governo enfrenta problemas de avaliação nas áreas de saúde, segurança e infraestrutura rodoviária. O apoio do governo federal, neste sentido, conforme analisou Daniel Menezes, pode diminuir os efeitos negativos. O cientista político ainda avalia que a oposição assiste a tudo isso, mas segue desorganizada. “Apesar de se falar no nome de Rogério Marinho, você não tem um grande nome hoje ainda articulado. É claro, há um crescimento nesse sentido na Assembleia, onde o governo tem dificuldade de aprovar projetos. Mas me parece ser mais uma questão de falta de articulação própria, no sentido de reestruturar sua base de apoio”, conta. 

Gestão municipal da capital potiguar

O prefeito de Natal, Álvaro Dias, enfrenta dificuldades em relação à arrecadação, como diz o cientista político. “É um movimento que me parece ser nacional, com relação aos prefeitos, pela questão do ICMS, que aconteceu ano passado. As prefeituras perderam a arrecadação e isso repercutiu esse ano, tanto a prefeitura, como os estados também perderam”, diz Daniel. O professor ainda aponta que as dívidas do prefeito acumularam e, mesmo com a reposição, a gestão municipal vai sofrer com atraso na promessa das obras a entregar. 

“Acho que ele errou na condução em Natal, em parte porque como ele não está bem avaliado como aconteceu no primeiro mandato, ele ainda é um eleitor muito importante em Natal. Mas não é mais aquele eleitor que foi quando se reelegeu em primeiro turno. Hoje ele é mais reprovado do que aprovado, conforme diversos institutos de pesquisa”, avalia. 

Para Daniel, Álvaro perdeu o time em Natal devido a demora para se posicionar. Com isso, o campo político foi se movimentando, sem esperar uma movimentação do prefeito. “Na medida em que cresceu nas pesquisas, Carlos Eduardo conseguiu estabelecer os lances de organização do pleito de 2024, atraindo, por exemplo, a União Brasil. Ele [Álvaro] ficou um pouco isolado, me parece, sem condições de arregimentar apoiadores. Daí passa a investir na candidatura de uma novata”, aponta o professor afirmando que a ação do gestor natalense é um “ponto escuro”, ou seja, não dá para prever o resultado. 

O cientista ainda fala que outra pré-candidatura competitiva para 2024 é a de Natália Bonavides, do PT, que se movimenta junto ao MDB. Com isso, o cenário é de candidaturas ao centro, tentando se aproximar dos setores evangélicos para aumentar o leque de apoiadores. Daniel não descarta a candidatura da “extrema-direita, com o General Girão, que acho que vai ser bem votado, mas não chegará à condição de competição, por exemplo, para ir no segundo turno”, diz. “Não acredito que a competição em Natal vai ser entre Lula e Bolsonaro, nacionalizada, por exemplo, acho que o pleito vai ser mais local”, complementa.

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