A Polícia Federal e a Receita Federal deflagraram uma operação nesta terça-feira (25) para desarticular uma organização criminosa especializada em crimes contra o sistema financeiro nacional e lavagem de dinheiro.
A investigação envolve a empresa Alpha Energy Capital, que possui escritórios em Natal e Barueri e, segundo a Receita, promovia a captação de recursos de investidores sob a promessa de rendimentos muito acima dos praticados no mercado, que seriam supostamente obtidos por meio da comercialização de créditos de energia solar.
Ao todo, são cumpridos um mandado de prisão preventiva e 18 mandados de busca e apreensão em Natal, Barueri (SP) e Goiânia (GO), expedidos pela 14ª Vara Federal da Seção Judiciária do Rio Grande do Norte.
O investigado preso nesta terça (25) dentro da operação Pleonexia é apontado como chefe da organização.
Energia solar
No portfólio dirigido aos potenciais investidores, a empresa divulgava a existência de onze usinas de energia solar, com capacidade de geração de 1.266.720 kWh/mês. No entanto, a investigação revelou a existência de apenas uma usina efetivamente conectada à rede da distribuidora de energia local, que gerou somente 28.325 kWh.
Além disso, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a empresa investigada não é titular de nenhum empreendimento de geração de energia regular e não tem pedido de outorga em tramitação em seu nome.
Uma pesquisa realizada pelos investigadores na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) apontou que a empresa não figura no rol de associados da entidade, o que é uma condição para negociar energia elétrica no Ambiente de Contratação Livre, conforme as normas do setor.
Grupo movimentou mais de R$ 151 milhões
“As investigações demonstraram que a maior parte dos valores captados era desviada para a aquisição de imóveis, veículos de alto padrão, joias e outros itens de luxo pelos investigados”, informou a Receita Federal.
O valor movimentado ultrapassa R$ 151 milhões, com recursos de aproximadamente 6.300 pessoas, distribuídas em 732 cidades brasileiras.
Diante das evidências, a Justiça determinou o bloqueio e o sequestro de cerca de R$ 244 milhões em bens dos envolvidos, visando o ressarcimento das potenciais vítimas e pagamento de multas e custas processuais.
Homem preso já foi condenado por tráfico internacional de drogas
A investigação ainda constatou que o líder da organização criminosa, preso preventivamente, já possui condenação por tráfico internacional de drogas.
Ele também responde a processos por estelionato, crime contra a economia popular e lavagem de dinheiro, por causa de um golpe supostamente praticado em 2021, envolvendo a captação fraudulenta de recursos por meio de uma plataforma de apostas esportivas.
Segundo a Receita Federal, diante do passado criminoso, o investigado ocultou sua atuação na empresa, usando terceiros para divulgar nas mídias a falsa oportunidade de investimento e celebrar contratos fraudulentos.
O termo “Pleonexia”, que nomeia a operação, tem origem grega e significa “ganância excessiva” ou “ambição desmedida”, evidenciando o objetivo do grupo de auferir vantagens financeiras ilícitas em prejuízo de milhares de investidores.
Diante do elevado número de pessoas que celebraram contratos de investimento e da abrangência territorial da ação criminosa, a Polícia Federal disponibilizou um guia com link para o registro de comunicação online dos crimes financeiros apurados na Operação Pleonexia, para identificar todas as vítimas, quantificar os valores investidos e os prejuízos sofridos para, ao final, definir o valor do dano a ser reparado.