Números. Fatos. Estatísticas.
Os resultados da economia animam os analistas.
O preço da picanha caiu mais de 10%.
Férgusson era morador de rua.
–Ótima notícia. Que bacana.
Não é que ele fosse um grande consumidor de carnes nobres.
–Mas aí até o churrasco de gato baixa o preço.
Os preços, numa economia moderna, estão interligados.
–Mas eu não digo isso por razões pessoais.
É que ele gostava de acompanhar as notícias.
–Jornal velho é o que não falta por aqui.
E, aos poucos, ele ia formando sua opinião.
–Nunca fui admirador do Lula.
Férgusson se aprofundava nos detalhes.
–Mas ele acertou em deixar o Roberto Campos no Banco Central.
Os economistas, em geral, concordam.
Sem responsabilidade na política monetária, vai tudo para o beleléu.
Férgusson sorriu com sabedoria.
–No beleléu eu já estou… Mas aos poucos vamos saindo.
Ele elencava as razões para o seu otimismo em 2024.
–Cada esmola que eu recebo vai valer mais em termos reais.
A famosa repórter Giuliana Bugiardi buscava apalpar o sentimento das ruas.
O microfone da emissora aproximou-se do rosto de Férgusson.
–Como você vê a situação, amigo?
Férgusson respirou fundo.
–Por um lado, é ótimo contar com mais poder aquisitivo.
–Mas…?
–Por outro, eu fico muito preocupado com a questão da segurança.
Férgusson olhava em volta.
–Quanto mais dinheiro no bolso, mais tem gente querendo roubar.
Giuliana encerrou a entrevista dirigindo-se ao âncora do noticiário.
–É isso aí, José Roberto. A segurança é a preocupação de todos…
–E nós continuamos à espera de soluções, não é, Giuliana.
Férgusson se cobriu com nova camada de papelão.
Melhoras na economia são importantes.
Mas nem só de picanha vive o homem.
Poder360