“A quem interessa perpetuar a narrativa de que, em 8 de janeiro de 2023, houve uma tentativa de golpe de Estado no país?”, questiona Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição no Senado ao relembrar que num domingo do ano passado, entre mulheres, idosos, crianças e uma maioria de trabalhadores, um bando de baderneiros – sem armas, sob a omissão e/ou conivência das autoridades federais e de Brasília – depredou prédios públicos vazios.

“A destruição do patrimônio é um ato criminoso. Deve ser condenado de maneira vigorosa e punido de forma exemplar. Dito isto, é essencial distinguir aqueles que recorreram à violência de uma maioria que exercia seu direito à livre expressão, diferenciação crucial para um entendimento justo e equilibrado dos fatos”, destacou.

De acordo com o senador, parte da mídia endossa a tese atabalhoada de que o Brasil teria estado na iminência de sofrer um golpe de Estado. “Coloca como heróis o presidente Lula e o STF. Valida atos de exceção, arbitrariedades e ameaças à liberdade, como se nossa democracia precisasse ser tutelada por esses 2 Poderes para existir. Essa perspectiva omite a realidade de um Brasil diverso e multifacetado, que não se conforma e rechaça a tentativa de manipulação por um único ponto de vista”, salienta.

Segundo ele, a tese de golpe não chega a ser uma novidade dentro do PT. “Foi amplamente explorada durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff. A então senadora Fátima Bezerra (PT-RN), hoje governadora do Rio Grande do Norte, repetia em todos os seus discursos, de forma constrangedora: “É ‘gopi’”. Tanto naquela época quanto agora, essa teoria é usada como cortina de fumaça em um momento bastante oportuno para o governo de plantão”.

Depois de 1 ano de seu retorno ao Palácio do Planalto, Lula já tem mais brasileiros que o rejeitam do que apoiadores, conforme pesquisa PoderData de dezembro. Enfrenta dificuldades de articulação política no Congresso Nacional.

Rogério Marinho afirma que sem uma agenda clara para o país, o presidente redobra a aposta na radicalização. “Fala em restaurar a paz, mas estimula o tensionamento. Ao mesmo tempo, busca, aos poucos, artifícios para acumular mais poder, patrocinando a rejeição de regras democráticas, negando a legitimidade de adversários e buscando meios para restringir liberdades civis, como no absurdo PL das fake news, que se propõe a regular o que é dito na internet, definindo o que é mentira e o que é verdade”.

Rogério reforçar que Lula apresenta-se, ao lado do PT, como “guardião da democracia”, ao mesmo tempo em que trabalha para impor um discurso único, exterminando o contraditório. Nós, “os bons”, contra eles, “os maus”. Um roteiro digno das distopias de George Orwell.

O senador também critica o controle das mídias sociais, a propósito, passou a ser a grande obsessão do governo federal. “Com o apoio de parte da mídia e de integrantes do Judiciário, entendeu que precisa calar aqueles que pensam de forma diferente para impor sua narrativa”, disse.

“Nossa democracia estará sob constante ameaça enquanto não formos firmes na regulação das redes sociais”, declarou Lula em solenidade alusiva aos atos de 8 de janeiro. “É o momento de olharmos para o futuro e reafirmarmos a urgente necessidade de neutralização de um dos grandes perigos modernos da democracia: a instrumentalização das redes sociais pelo novo populismo digital extremista”, endossou o ministro do STF Alexandre de Moraes no mesmo evento.

Para Rogério Marinhoa, o mesmo Lula que estimula o ódio contra seus oponentes é o que foi alçado ao poder ao lado de nomes como Dilma Rousseff, José Genoino e José Dirceu, que no passado tiveram envolvimento com movimentos armados (diferentemente da maioria dos que estiveram nos protestos em 8 de janeiro de 2023). Rogério Marinho, relembra que ex-integrantes de organizações que no passado se envolveram em atos considerados terroristas foram beneficiados pela reconciliação do país, que se deu com o projeto de anistia e redemocratização. “Infelizmente, Lula não tem estatura para reconhecer isso. Demonstra não saber exatamente o que é a democracia. O PT é autoritário e ditatorial”, assevera.

O senador enfatiza que cumpre restabelecer a normalidade democrática e o equilíbrio dos Poderes como pressupostos para a pacificação que o Brasil precisa. Para isso, segundo ele, é vital que se promova um diálogo aberto e construtivo, preservando as diversas vozes e opiniões que compõem o tecido da nossa nação, e os direitos e liberdades fundamentais de todos os cidadãos. Apenas assim poderemos avançar, unidos, respeitando a pluralidade e fortalecendo as bases de nosso Estado Democrático de Direito.

“A democracia, fruto de séculos de evolução moral, ética, institucional, social e econômica da sociedade ocidental, é um valor que defendemos com vigor. Ela deve ser incorporada pelo conjunto da sociedade. E não ser restrita a um determinado Poder ou indivíduo que se arvora como detentor de seu monopólio. Buscamos uma democracia plena, alinhada com nossas tradições e os preceitos da Constituição, e não uma democracia tutelada”, finaliza.

Mourão critica investimento de R$ 40 milhões em Museu

O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) criticou, no X (antigo Twitter), o investimento de R$ 40 milhões para o Museu da Democracia. Mourão disse que “teremos uma grande chanchada” na celebração de um ano do 8/1. “40 milhões para o Museu da Democracia e o povo sem acesso à saúde. Esse é o desgoverno Lula. Amanhã teremos uma grande chanchada”.

Uma área próxima à Esplanada dos Ministérios, em Brasília, foi cedida pelo governo federal para a construção do Museu da Democracia, espaço planejado para memória e união dos “setores democráticos do País”. Iniciativa do Ministério da Cultura (Minc) em resposta aos ataques antidemocráticos de 8 de janeiro, a escolha do terreno para o centro cultural é fruto de um acordo entre a pasta e a SPU (Secretaria de Patrimônio da União). Serão investidos R$ 40 milhões, que sairão do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

O MUSEU
O espaço onde será erguido o Museu da Democracia está localizado no setor cultural do Distrito Federal. Exatamente ao lado do Teatro Nacional Claudio Santoro, na parte norte da Esplanada.

A fim de selecionar o projeto arquitetônico mais adequado para a iniciativa, o Minc e o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) farão um concurso nacional. Logo após essa etapa, será feita uma licitação da execução da obra, que tem expectativa de início em 2025.

De acordo com comunicado publicado nesta sexta-feira (5) pelo Minc, o Museu não terá ligação com linhas ou partidos políticos. “O intuito é que seja uma instituição cívica, plural e construída em sintonia com todos aqueles que apoiam a democracia”, diz a nota.

“Além disso, a institucionalização do Museu da Democracia deverá ser pautada por um processo participativo de consultas com especialistas, representantes de coletivos e entidades reconhecidamente engajadas em processos culturais e educativos voltados à valorização da democracia e dos direitos humanos”, acrescentou.

Tribuna do Norte

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