O Brasil tinha quase 1,5 milhão de pessoas trabalhando por meio de aplicativos digitais em 2022, a maioria delas motoristas e entregadores. No Rio Grande do Norte, ao longo do ano passado de 1,3 milhão de pessoas com 14 anos ou mais de idade ocupadas e não afastadas, 122 mil realizaram trabalho remoto, seja de forma habitual ou ocasional. Essa população representou 9 % do total de ocupados do Estado, um pouco abaixo da média nacional que foi de 9,8%. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua 2022, divulgada nesta quarta-feira (25) pelo IBGE.
No grupo dos que realizaram trabalho remoto, está o subgrupo de teletrabalhadores, composto por 86 mil pessoas que, além de estarem em trabalho remoto, fizeram também uso de equipamentos de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) para trabalhar. Esse número representou 6,4% dos ocupados no Rio Grande do Norte realizando teletrabalho no período de referência (4º trimestre de 2022). A diferença de 36 mil de pessoas (trabalho remoto menos teletrabalho) está associada a indivíduos que trabalharam de forma remota, isto é, em local alternativo, mas não fizeram uso de equipamentos TIC.
Já no 4º trimestre de 2022, a população ocupada de 14 anos ou mais de idade (sem inclusão dos empregados no setor público e militares) foi estimada em 1,1 milhão de pessoas. Dessas, 19 mil realizavam trabalho por meio de plataformas digitais de serviços ou obtinham clientes e efetuavam vendas por meio de plataformas de comércio eletrônico no trabalho principal, sendo que 12 mil pessoas desse total trabalhavam por meio de aplicativos de serviços. Ou seja, segundo a pesquisa 1,1% da população potiguar ocupada no setor privado trabalhava por meio desses aplicativos. O percentual registrado para o Brasil foi de 1,7% e para a região do Nordeste foi de 1,4%.
O Nordeste foi a região com maior diferencial de rendimentos dos plataformizados em relação aos não plataformizados, embora o rendimento médio dos plataformizados no Nordeste se situe abaixo do estimado para os trabalhadores plataformizados nas demais regiões. Entre os estados do Nordeste, o Rio Grande do Norte é o que apresentou o maior rendimento médio entre os plataformizados, seguindo a tendência do que ocorria entre os trabalhadores ocupados, independente da condição do trabalho.
No ano, o rendimento médio mensal real das pessoas ocupadas no RN foi R$ 2.065 em 2022, mas para aquelas que realizaram teletrabalho esse valor alcançou R$ 4.687, uma estimativa de R$ 2801 a mais dos que não realizaram teletrabalho. Já no último trimestre de 2022, o rendimento médio real habitualmente recebido no trabalho principal (calculado para as pessoas de 14 anos ou mais de idade ocupadas na semana de referência, excluindo os empregados no setor público e militares) foi estimado em R$ 2.513 para o Brasil, em R$ 1.535 para região Nordeste e R$ 1.725 para o Rio Grande do Norte.
Entre os plataformizados, esse valor alcançava R$ 2.645, R$ 1.890 e R$ 2.254, respectivamente, uma estimativa 5,4% superior à do rendimento médio dos não plataformizados para a média do Brasil (R$ 2510), 23,5% acima da média para região Nordeste (R$ 1530) e de 31,1% mais para o estado potiguar (R$ 1719).
Apesar dos rendimentos maiores, a jornada dos trabalhadores potiguares plataformizados foi em média de 46,5 horas por semana no trabalho principal, sendo essa jornada nove horas mais extensa que a dos demais ocupados do Estado (37,5 horas). No Brasil, a média de horas habitualmente trabalhadas por semana entre os plataformizados é maior que a dos não plataformizados, com essa diferença variando de 6,5 horas.
Quanto ao teletrabalho e ao trabalho remoto realizados apenas nos domicílios (residência como um local alternativo de trabalho), de 1,3 milhão de pessoas ocupadas e não afastadas no RN, 16% (217 mil) trabalharam no próprio domicílio durante o período de referência. O trabalho remoto no domicílio ocorreu para um contingente menor (7,8%, ou 106 mil de ocupados).
O último subgrupo dessa análise corresponde às pessoas que realizaram o trabalho remoto e utilizaram equipamentos de TIC, isto é, os teletrabalhadores no domicílio (5,8%, ou 79 mil ocupados). Como visto anteriormente, se 86 mil pessoas realizaram teletrabalho em 2022 no RN, significa dizer que 91,9% dessas pessoas que executaram teletrabalho o fizeram no próprio domicílio.
Tribuna do Norte
