Manias são comportamentos repetitivos e automáticos que uma pessoa realiza frequentemente, muitas vezes sem perceber. Esses hábitos podem surgir por diversas razões, como ansiedade, tédio, estresse ou simplesmente por uma sensação de alívio momentâneo.
Exemplos comuns incluem checar a porta várias vezes, o que pode ser uma tentativa de garantir segurança, ou mexer no cabelo repetidamente, que pode ser um gesto de nervosismo ou distração.
Embora muitas vezes essas manias não sejam prejudiciais, elas podem indicar que a pessoa está lidando com algum tipo de emoção, sentimento ou condição psiquiátrica prejudicial que merece atenção.
Como saber se é ou não TOC?
O TOC é um transtorno de ansiedade caracterizado pela presença de pensamentos intrusivos persistentes, que invadem a cabeça e geram desconforto emocional. Comportamentos compulsivos surgem na tentativa de aliviar a angústia causada pela obsessão.
Nem todo pensamento repetitivo, preocupação ou ritual pode ser classificado como obsessivo-compulsivo. O psiquiatra Henrique Bottura sugere utilizar três critérios para saber se uma “mania” é ou não grave:
1. Causa aflição ou angústia?
No caso do TOC ligado à limpeza, a pessoa pode ter pensamentos do tipo “se eu não limpar tal objeto, alguma coisa vai acontecer, alguém vai ser contaminado e morrer”, e esse pensamento fica atormentando a consciência dela, de modo que gera tamanho sofrimento que o único alívio que ela encontra é o comportamento compulsivo, que é o ato de limpar em si.
2. Afeta a rotina e as relações?
Uma pessoa com um TOC de verificação, por exemplo, que fica pensando que esqueceu o forno ligado ou que não trancou a porta de casa, às vezes não consegue trabalhar. Ela vai para o trabalho e não consegue executar sua função se não voltar para casa e verificar a situação. E ela verifica não só uma, mas dezenas de vezes seguidas, o que faz com que ela perca muito tempo e sofra um prejuízo importante na rotina.
3. Sente que há algo errado consigo?
Às vezes a pessoa percebe que o pensamento é desproporcional e, muitas vezes, tem até vergonha do comportamento, mas ela não consegue parar, porque sente que é quase que obrigatório ter aquele comportamento compulsivo para se sentir melhor.
Há diferentes graus e comprometimentos do transtorno. Nos graves, a pessoa pode ficar com a vida seriamente afetada. No caso específico do TOC ligado à limpeza, é possível que o paciente apresente feridas na pele devido ao excesso de assepsia ou LER (lesões por esforço repetitivo) porque passou tempo demais esfregando algum objeto ou móvel de casa, por exemplo.
Apesar dos prejuízos que causa ao indivíduo, o diagnóstico do problema costuma ser tardio: a maioria das pessoas convive com o transtorno por pelo menos quatro anos antes de procurar ajuda especializada, muitas vezes por dificuldades de identificar o TOC ou por resistência em buscar tratamento.
No entanto, como o problema é crônico, quanto antes a pessoa buscar ajuda, melhor.
O tratamento pode ser medicamentoso ou não. Os medicamentos mais utilizados são os antidepressivos da classe dos inibidores da recaptação de serotonina, que modulam o nível de serotonina no sistema nervoso central e, com isso, controlam os pensamentos intrusivos.
Na maioria dos casos, o uso dos remédios é combinado com sessões de psicoterapia cognitivo-comportamental. A técnica tem eficácia comprovada em ajudar a lidar com os pensamentos e expõe gradualmente o paciente aos medos, mostrando que é possível encará-los.
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