Cena inusitada nas ruas do Rio. Por longas horas do dia, Ronald Ferreira troca os tatames do jiu-jítsu pelo asfalto quente do Recreio dos Bandeirantes, bairro da Zona Oeste da cidade. Entre carros parados no trânsito, o jovem de 18 anos circula pedindo ajuda financeira para suas competições. A coluna GENTE flagrou um desses momentos e abordou o rapaz, que vestia quimono e ostentava suas várias medalhas no pescoço.
Morador de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, Ronald passou a pedir dinheiro nas ruas há uma semana, desde que conquistou a medalha de ouro no Sul- Americano do esporte, na categoria de até 100 kg na faixa roxa. Sua atual batalha é conseguir verba para a próxima competição, o Campeonato Brasileiro, em Barueri (SP), que acontece de 26 de março a 4 de abril. Precisa alugar hotel, arcar com as despesas de transporte e alimentação, além de pagar a taxa de inscrição.
“Sou lutador desde 2019. Comecei no esporte quando levava minha sobrinha para treinar e comecei a gostar também. Fui me esforçando e evoluindo. É um dom. Me graduei, já ganhei vários campeonatos. Mas sem dinheiro e patrocinador, não sei o futuro disso. Aqui na rua, tem quem me motive dizendo ‘continue assim’, tem gente que bate palma… Mas sempre tem os que fazem cara de nojo e fecham o vidro”, relata o jovem, que espera tirar das ruas pelo menos 2 mil reais nas próximas semanas. “Treino cedo e depois venho para o sinal, onde fico até escurecer. Tenho tirado uma média de 100 reais por dia”, conta. Em alguns momentos do dia, Ronald tem a companhia de outro atleta, Daniel Meirelles, de 17 anos, que também corre atrás de alguma ajuda, vestido a caráter. “O quimono esquenta muito, mas é o único jeito que a gente arrumou para chamar atenção”, conforma-se.
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