Patrícia Lélis

A jornalista Patrícia Lélis se tornou ré nos EUA, acusada de ter fingido ser advogada e fraudar quem a procurou em US$ 700 mil. Conforme a acusação, ela enganava pessoas interessadas em tirar o visto de residência no país. Lélis foi incluída na lista de foragidos do FBI (Federal Bureau of Investigation, a polícia federal norte-americana).

Ex-bolsonarista e atual apoiadora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Lélis disse estar sendo “procurada” pelo FBI por pegar “documentos de uns norte-americanos safados” que pediram que ela fosse “bode expiatório” contra brasileiros. Segundo a jornalista, as autoridades dos EUA “já sabem exatamente” onde ela está “como exilada política”.

Em comunicado (íntegra, em inglês – PDF – 105 kB), a Justiça norte-americana diz que Lélis é acusada de fraude eletrônica, transações monetárias ilegais e roubo de identidade agravado.

Os supostos crimes teriam ocorrido a partir de 2021. Segundo o texto, Lélis prometia que os vistos seriam emitidos com base no programa EB-5, que proporciona residência permanente legal e possível cidadania a um cidadão estrangeiro que invista “fundos substanciais” em empresas que criem empregos nos Estados Unidos.

Uma das vítimas teria realizado 2 pagamentos que totalizaram US$ 135 mil (cerca de R$ 657 mil). Lélis teria afirmado que o valor seria para um projeto de desenvolvimento imobiliário no Texas que se qualificaria para o programa EB-5.

Em vez disso, o dinheiro da vítima teria ido para a conta bancária pessoal de Lélis”, lê-se no comunicado. “Em vez de investir o dinheiro conforme prometido”, Lélis “supostamente” usou o dinheiro para pagar a entrada de sua casa em Arlington (Texas), realizar reformas da propriedade e “pagar outras despesas pessoais”, como dívidas de cartão de crédito.

A acusação alega que ela convenceu amigos a se passarem por funcionários do fundo de investimento do Texas em ligações e chamadas em vídeo com uma vítima”, completa o texto.

Conforme o comunicado, Lélis enviou a uma das vítimas um documento falso de um tribunal em que a jornalista aparecia como advogada. Ela, diz o texto, “não é uma advogada licenciada” e “também é acusada de ter falsificado formulários de imigração dos EUA, forjado múltiplas assinaturas e criado recibos falsos do projeto de investimento do Texas, todos os quais ela enviou por e-mail para uma vítima”.

Lélis se defendeu em duas publicações no X. Escreveu que podem “sempre” contar com ela “para estar contra o governo norte-americano”. A jornalista afirmou ter “roubado” as provas para mostrar o seu lado da história e garantir sua segurança “E esses documentos já foram entregues ao governo que me garantiu asilo politico”, declarou, sem dizer em que país está.

Patrícia Lélis, de 29 anos, se tornou conhecida em 2016, quando entrou na justiça contra o pastor e deputado federal Marco Feliciano (PL-SP) por “crimes de estupro, lesões corporais, sequestro, cárcere privado, ameaça e corrupção de testemunha”. O processo foi arquivado em 2018. Em abril de 2023, a jornalista falou sobre o caso e disse não ter sido a única vítima.

Em 2017, Lélis afirmou ter sido ameaçada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Segundo ela, o congressista disse que iria, entre outras coisas, “acabar com a sua vida”. Na época, ela era militante do PSC (Partido Social Cristão), legenda à qual Eduardo também pertencia.

Um relatório da Polícia Civil do Distrito Federal, divulgado em 2021, indicou a existência de indícios de crime de denunciação caluniosa cometido pela jornalista contra o deputado. A conclusão do inquérito diz que as supostas mensagens de ameaça enviadas pelo congressista teriam sido simuladas.

No mesmo ano, 2017, Lélis pediu desculpas a Lula “por ter ido às ruas e ter sido a favor de um golpe”. Em seu perfil no Facebook, publicou fotos ao lado do petista.

Lélis concorreu em 2018 ao cargo de deputada federal pelo Pros, mas não foi eleita. Pouco depois, se mudou para os Estados Unidos.

A jornalista se filiou ao PT, mas foi expulsa da legenda em 2021 depois de ter feito uma declaração considerada transfóbica. Em um vídeo publicado nas redes sociais, ela diz que uma mulher trans “mostrou seu pênis a outras mulheres e adolescentes” em um banheiro de Los Angeles (EUA). Depois da repercussão, a jornalista afirmou que as falas foram retiradas de contexto.

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