Felipe Salustino
Repórter

O verão pode ser uma ótima oportunidade de incremento de renda, desde que haja criatividade e disposição para se dedicar a uma atividade extra. Desse modo e de olho na necessidade de oferecer mais estilo para a temporada, a BeSe Design conseguiu aumentar a venda de semijoias e bijuterias em 40% desde outubro de 2023. No coletivo Vieiras, a venda de pratos e taças personalizados com pinturas saltaram de 100 (média mensal) para 500 unidades em dezembro último. No Espaço Encantos Gerlane Andrade, a massagem, adicionada à oferta de peças artesanais, faz sucesso nesta época e já responde a 80% do faturamento total. Todas essas iniciativas, além de atividades complementares, são encabeçadas por mulheres.

No caso da BeSe Design e do coletivo Vieira, a produção das peças começaram meio que por acaso, há bastante tempo. Servidora pública e formada em Administração, Geórgia Bezerra, de 43 anos, começou a confeccionar bijuterias e semijoias ainda na época da faculdade, há cerca de duas décadas. No ano passado, em um reencontro com a amiga de infância, a contadora Elaine Serejo, ela decidiu dar um novo rumo ao negócio e, por meio de uma parceria, surgiu a BeSe. Enquanto Geórgia cuida da criação, Elaine administra o negócio, que ganhou um showroom recentemente, em uma loja em Petrópolis, na zona Leste de Natal.

“Fabrico colares, brincos e pulseiras. As peças variam, a partir de R$ 14,90 a R$ 399. Prezamos, especialmenste, pela qualidade. Gosto de trabalhar com cristais e pedras naturais, como pérolas. Ao mesmo tempo, procuro as tendências mundiais, fazendo pesquisas na internet, além de viagens e lançamentos dos quais participo. Hoje, os maxi brincos são super tendência. Então, quanto maiores e coloridos, mas o pessoal gosta”, detalha Geórgia Bezerra.

Observar as tendências e as necessidades do mercado são cruciais para o aumento das vendas na alta temporada. “No verão, as pessoas costumam usar peças como biquínis e regata branca, ao mesmo tempo em que querem cores. Então, jogar um colar faz toda a diferença. Além disso, tem as festas de veraneio, onde todo mundo quer estar bem arrumado”, diz Geórgia. “Neste período, a procura por esses itens aumenta e, por isso, a gente teve um incremento nas vendas, de outubro para cá, de 40%, pelo menos. Já estamos com estoque baixo”, comemora Elaine Serejo.

No coletivo Vieiras, as peças, que vão desde itens como pratos, copos e taças, passando por lajotas para identificação de casas e plaquinhas de boas-vindas, são personalizadas por Rossana Vieira, que tem como renda principal a pintura de painéis de parede há quase 40 anos. “Na pandemia, voltei a pintar vidro e porcelana, atividade que eu já desenvolvia antes. As pessoas olhavam taças com desenhos e achavam lindas. Então, pediam pratinhos para petisco com temas de praia e o trabalho cresceu naturalmente”, conta Rossana.

O coletivo foi criado em maio do ano passado e é formado por ela, o filho Eduardo, a irmã, Romênia Vieira e a sobrinha Rafaela (filha de Romênia). Romênia, que tem como trabalho principal a confecção de enxovais, auxilia na finalização das encomendas. “Fico com a parte das embalagens de presentes, além de peças em tecidos para complementar os kits. Temos uma linha de presentes para o lavabo, onde eu fabrico as velas e as toalhinhas, e Rossana faz a pintura do vidro que envolve a vela”, detalha Romênia.

Massagem para turbinar a renda do negócio

Se nos casos do coletivo Vieiras e da BeSe Design, as atividades se deram de forma mais natural, fruto do talento e trabalho já desenvolvido anteriormente pelas criadoras e da necessidade de mercado, no Espaço Encantos Gerlane Andrade, em Ponta Negra, a oferta de um serviço extra – neste caso, a massagem, veio acompanhada da necessidade de turbinar a renda do negócio. Gerlane Andrade, artesã e administradora do espaço, conta que em 2017, viu a necessidade de melhorar o próprio faturamento e optou pelo Shiatsu, levando em conta os benefícios que a técnica traz para os clientes.

“Foi uma necessidade, uma questão de talento que eu descobri carregar comigo e também porque a massagem tem como objetivo o bem-estar do cliente. Temos um diferencial, que é o toque de spa, onde a gente inicia com um escalda-pés. Inicialmente, eu oferecia os dois separadamente, mas isso levava muito tempo e, como eu trabalho sozinha, precisava deixar a loja fechada por um longo período”, relata a artesã.

Gerlane reclama que a falta de investimentos na orla de Ponta Negra tem impactado nos negócios locais e que a procura por massagem, neste ano, está aquém de verões anteriores. Ainda assim, o serviço faz sucesso. “Geralmente, a gente tem um janeiro melhor do que estou tendo em 2024. Contudo, hoje, 80% do que eu ganho, vêm da massagem”, afirma. No coletivo Vieiras, esta é a segunda vez que o grupo foca no verão para melhorar as vendas. “As pessoas estão com gosto em decorar a casa para receber os amigos e querem uma mesa bonita”, afirma Rossana Vieira.

“É nessa hora que a gente chega para suprir essa necessidade. Foi a procura das pessoas que gerou esse movimento por peças e personalizadas”, diz. Com o bom momento, a expectativa para todo o mês de janeiro é boa e o grupo já está de olho em ocasiões mais a frente. “Nós temos a perspectiva de continuar vendendo bem. Estamos nos preparando para a Páscoa e com um planejamento especial para o Carnaval de Caicó”, pontua Romênia Oliveira.

As peças são confeccionadas, na grande maioria das vezes, na casa de Romênia, no Conjunto Ponta Negra, em Natal e entregues de acordo com cada cliente. Encomendas para fora do Estado também são aceitas. “Aqui para Natal, geralmente a gente entrega via aplicativo de transporte e às vezes o cliente vem pegar aqui. Para fora do RN, a entrega é feita pelos Correios. Tudo é bem embalado para evitar que as peças se quebrem, a exemplo do que ocorreu recentemente em uma entrega para Maceió: enviamos 13 taças e nenhuma se quebrou”, comenta Romênia.

Na BeSe, a intenção é, a partir de agora, expandir o empreendimento. “Estamos procurando um espaço para ter facilidade de trabalhar e sair de dentro de casa, que já está ficando pequena para a demanda que vem surgindo. Enquanto isso não acontece, uma amiga ofereceu um espaço em uma loja de roupas em Petrópolis, onde montamos um showroom. Até o Carnaval, a gente pretende levar essa opção para bairros como Ponta Negra, Cidade Verde e Candelária, e ampliar as peças. Queremos que outras mulheres tenham oportunidade de renda extra com as joias, por meio do atacado”, planeja Elaine Serejo.

Personalização de peças é segredo para atrair clientes

Deixar a peça com a cara e o gosto do cliente é o segredo para aumentar as vendas. Geórgia Bezerra, da BeSe Design, aproveita o talento e habilidade que há muito traz consigo para agradar a clientela e oferecer produtos de qualidade. “É algo que eu faço com prazer. Minha maior satisfação é ver a cliente feliz”, fala. O cuidado na fabricação não passa despercebido. “Em 20 anos, tenho minhas clientes fiéis, que viraram amigas. Além do produto personalizado, um diferencial nosso é o atendimento presencial”, justifica Bezerra.

Ela aponta que a inspiração e concretização da BeSe está diretamente relacionada a outras mulheres – à mãe e à amiga Elaine, com quem fechou parceria recentemente. “Minha mãe tinha lojas de roupas e bijuterias. Então, cresci gostando de joias. Já a ideia da expansão da atividade surgiu em uma conversa de café com Elaine. Então, passamos da G-Biju para a BeSe”, relata. Elaine Serejo completa dizendo que também veio da mãe, assim como no caso de Geórgia, a motivação para empreender no nicho.

“Eu já tenho know-how no ramo empresarial por causa da minha formação. Minha mãe era professora universitária, mas sempre gostou de ter uma renda extra, seja vendendo bijuteria, seja vendendo roupa íntima. Também cresci com a vaidade de usar acessórios, mas nunca tinha despertado para o empreendedorismo nesta área. Até que, depois de um tempo morando em Minas Gerais, reencontrei Geórgia e tivemos a ideia de empreender juntas. Ela fica na criação e eu na administração do negócio”, explica Serejo.

No coletivo Veiras, a palavra de ordem também é agradar a clientela. “Gosto de ver o brilho no olho do cliente e quero fazer com que ele, ao receber a peça, tenha o mesmo prazer que eu tive ao fazê-la. O principal diferencial aqui é o amor – é quase uma devoção, na verdade”, destaca Rossana Vieira. Sobre a produção, ela explica: “É um trabalho artesanal, com traços bem livres. Eu não tenho essa preocupação de ter o traço muito retilíneo, porque a ideia é olhar para o produto pela e notar do que se trata”, diz ela.

Segundo Rossana, após a pintura finalizada conforme encomenda, uma foto é enviada ao cliente. Se necessário, são feitos ajustes. Após isso, a peça vai para o forno para que a pintura seja fixada. As taças com desenhos florais são as mais procuradas neste verão, mas a intenção é se adaptar ao gosto de quem encomenda a peça. “Para presentear, as pessoas pedem pinturas sobre locais que marcaram de alguma forma”, afirma Rossana. As peças variam de R$ 45, com no caos dos sachês de santinho, a R$ 130 (pratos). As taças estão na média de R$ 80.

Tribuna do Norte

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