Tádzio França
Repórter

Os exercícios físicos são geralmente pensados para modelar o corpo do pescoço para baixo, mas também há muito a se fazer na parte de cima. A perda de elasticidade e sustentação que o avançar da idade traz ao rosto, pode ser atenuada e prevenida através da ginástica facial, técnica que consiste em exercícios musculares específicos e regulares para a região da face. A prática previne o surgimento de marcas e vincos em regiões como boca, pálpebras, testa e queixo. Os exercícios deixam a musculatura do rosto tonificada e oxigena os tecidos.

“Os músculos da face precisam de exercícios tanto quanto os do resto do corpo”, afirma a fisioterapeuta e biomédica estética Glenda Oliveira. Ela explica que esses músculos participam da mímica facial humana em todos os processos de expressão, portanto, são músculos que trabalham bastante – alguns mais do que outros. A musculatura superior do rosto costuma ser menos requisitada que a inferior. O que faz o rosto enrugar é o excesso de contração em determinadas áreas.

A ginástica facial existe para promover o reequilíbrio da musculatura do rosto. Segundo Glenda, a musculatura que trabalha muito termina enrugando e marcando mais, portanto, deve ser “acalmada”. Já a musculatura que trabalha pouco fica em desuso e termina sendo ocupada pela gordura – resultando daí o que é chamado de ptose facial, flacidez que promove a perda do contorno do rosto, sinal marcante do envelhecimento.

Todos os músculos da face serão trabalhados numa ginástica facial. Há músculos para estimular e outros para alongar. O músculo que trabalha muito precisa de relaxamento. Aquele que trabalha pouco precisa de ativação. A fisioterapeuta ressalta que o objetivo é a compensação. “Dessa forma a gente diminui a ptose, que traz o aspecto de envelhecimento, e previne a formação das rugas do terço superior da face, que também envelhecem muito”, explica.

Malhação facial
A ginástica facial deve ser orientada por um profissional que entenda de cinesiologia, estudo do movimento e musculatura do corpo, como o fisioterapeuta ou fonoaudiólogo. Glenda ressalta que eles podem conduzir os exercícios, alguns dos quais podem ser realizados em casa pelo paciente. São movimentos de pressão, estímulo, resistência e alongamento, realizados em vários pontos do rosto, com auxílio dos dedos.

Um dos exercícios mais requisitados é o alongamento do terço superior da face, ou seja, a musculatura frontal da testa. Podem ser feitos com dos dedos das duas mãos, numa área que precisa de relaxamento. Há o alongamento do músculo orbicular da boca, que evita o surgimento das rugas “código de barra”, e também dos orbiculares dos olhos.

Outro exercício é o fortalecimento da região das bochechas, que pode ser feito com as mãos ou com uma ‘corrente russa’, técnica que usa eletricidade para melhorar o tônus muscular. Glenda Oliveira ressalta que nada disso funciona sozinho, os exercícios não fazem parte de condutas isoladas, e geralmente incluem outros procedimentos alinhados.

Alguns exercícios faciais são baseados em alongamentos e fortalecimentos, daí a importância de executá-los de acordo com a orientação de um especialista da área. Feitos de forma incorreta, os movimentos podem até agravar certas marcas e rugas. É o caso de alguns movimentos como caretas e sorrisos. “Sorrir faz parte da ginástica, mas não de qualquer forma. Tem que seguir o estilo da atividade. Alguns sites indicam fazer bico, mas é um erro. Fazer bico causará mais rugas ao redor da boca, pois contrai os músculos excessivamente. Tudo deve ser feito baseado na cinesioterapia”, diz.

Assim como nos treinos e exercícios de academia, os resultados surgem com repetição e dedicação. Cada sessão de ginástica facial dura de 30 a 40 minutos, duas a três vezes por semana. “Precisa ter resistência da mesma forma, porque não se vai numa academia pra treinar bíceps sem peso. Se não der peso, não der resistência, não vai ter uma hipertrofia (aumento de tamanho e volume). Então, se quero hipertrofiar essa musculatura, tenho que exigir dela. Logicamente, as resistências são diferentes para a ginástica facial”.

“O tempo de resultado da ginástica facial é semelhante ao de uma de academia. Se a pessoa mantiver uma continuidade regular, vai ter uma resposta boa com isso, vendo também a forma como ela é feita, com as repetições e os movimentos corretos, que são definidos a partir de uma avaliação do paciente”, explica a fisioterapeuta. Os resultados devem se mostrar a partir de um mês e meio ou dois de exercícios.

Idade
Quando se deve começar a malhar os músculos da face? “Normalmente a gente só começa a se preocupar com o rosto quando vê os primeiros sinais do envelhecimento. Isso depende muito da genética e do próprio estilo de vida da pessoa, mas normalmente até os 25 ninguém repara nisso. As pessoas não conseguem ver facilmente no espelho, mas as mudanças estão começando a ocorrer”, diz Glenda. Oliveira. Só se corre atrás do prejuízo quando os sinais surgem visíveis diante do espelho.

Mas não há uma idade ideal para começar a treinar os músculos da face. “A pessoa pode e deve fazer exercícios faciais até por prevenção e equilíbrio. Porque a mímica facial começa a ser usada a partir do momento que a gente sai do parto. No momento que a gente nasce, começa a usar os músculos da face. E aí a gente tem que aprender a fazer isso de forma equilibrada para o resto da vida”, diz.

Portanto, segundo a fisioterapeuta, quanto mais cedo a pessoa começar a se educar em respeito às expressões faciais, melhor. E essa educação passa pelas “caretas”, ou em sua moderação. “Quem exagera na expressão, quem faz muita careta, enruga muito mais. Se você observar pessoas que fazem muita atividade física, que pegam muito peso, por exemplo, pode ver que desenvolvem rapidamente muitas rugas devido às expressões de dor”, analisa.

A ginástica facial ainda é mais procurada na maioria por mulheres, conforme Glenda. “É uma questão cultural. As mulheres têm uma rotina de skincare desde adolescente, usam maquiagem, e são mais cobradas por isso. Quando os homens se preocupam com o rosto, já estão numa idade mais avançada. Mas sem dúvida, há muitos homens aderindo ao tratamento facial hoje em dia”, conclui.

Tribuna do Norte

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