Infartos fatais em mulheres de até 49 anos crescem 350%

Em janeiro de 2021, a coordenadora disciplinar Adriana Freitas sentiu dores nas costas, azia e queimação, sintomas que, apesar de incomuns para ela, não foram levados em consideração enquanto algo que pudesse ser grave. Oito meses depois, em setembro daquele mesmo ano, a natalense conta que os incômodos voltaram mais fortes e acompanhados de dor no peito e de uma espécie de entalo. Como os sintomas passaram com o tempo, ela só resolveu ir ao hospital quatro dias depois para fazer alguns exames. “O médico disse que eu tive um infarto grave”, conta. À época, Adriana tinha 48 anos e o diagnóstico surpreendeu até a equipe de saúde que a atendeu.

O infarto agudo do miocárdio é uma condição caracterizada pela morte de células do coração em razão da formação de coágulos que interrompem o fluxo sanguíneo de forma súbita e intensa. Embora possa atingir pessoas de qualquer idade, o risco da doença é menor para mulheres na faixa etária dos 15 aos 49 anos. As mudanças de hábito das últimas décadas e os níveis de estresse cada vez mais alto, no entanto, têm contribuído para mudanças neste cenário. No Rio Grande do Norte, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde do RN o infarto matou 1.120 mulheres nesta faixa entre 1996 e maio deste ano.

No período, foi registrado um aumento de cerca de 350% no número de óbitos. Somente no ano passado, foram contabilizadas 59 mortes, mesma quantidade de 2016. Os registros dos dois anos são os segundos maiores da série, atrás apenas de 2012, com 62 mortes. Em 1996, foram 13 óbitos; em 2023, até maio, foram 18. Em todo o País, o número cresceu 62% entre 1990 e 2019 para a mesma faixa. Já  para as mulheres com idades entre 50 e 69 anos, os números apresentaram alta de 176%. Os dados são da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).

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