Dólar caro, juro alto e desajuste fiscal ameaçam novo ciclo de investimentos
A escalada do dólar, a recente interrupção no corte de juros pelo Banco Central e a percepção de que o governo Lula (PT) terá dificuldade em ajustar as contas públicas ameaçam interromper a retomada dos investimentos verificada nos últimos meses.
Após aumento da taxa de investimentos no primeiro trimestre, sobretudo pela importação de máquinas e equipamentos em um ambiente até então de dólar estável, há sinais de perda de ímpeto nesta tendência, segundo sondagens e especialistas da área.
Depois de três trimestres de queda no ano passado na chamada FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo) —que engloba máquinas e equipamentos, construção civil e outros ativos fixos—, o indicador apresentou alta de 2,7% nos primeiros três meses de 2024, na comparação com igual período de 2023. Em relação ao último trimestre no ano passado, o avanço foi de 4,1%.
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Muitas das indústrias brasileiras precisam de insumos importados. Quando o dólar sobe, o gasto para ter esses itens aumenta. Com isso, as empresas podem repassar esse custo para o comércio e os consumidores, o que resulta em inflação. Outro exemplo são os fertilizantes usados na produção agropecuária.
A moeda americana está mais valorizada no mundo por causa dos juros nos Estados Unidos, que atraem investidores. No Brasil, a situação se agrava por causa da dívida pública alta.
“O investidor fica cauteloso. Será que o país vai pagar a dívida ou não? Na dúvida, acaba tirando dinheiro do Brasil”, comentou o economista Alex Agostini.
Dólar sobe para R$ 5,04 após fala de Haddad sobre meta fiscal
O mercado financeiro teve mais um dia de turbulências. Após abrir com otimismo, o dólar e a bolsa inverteram o movimento após uma entrevista coletiva do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre as dificuldades em cumprir a meta de zerar o déficit primário em 2024.
O dólar comercial encerrou o dia vendido a R$ 5,047, com alta de R$ 0,034. A cotação iniciou o dia em baixa, chegando a R$ 4,98 por volta das 10h30. No entanto, após a entrevista de Haddad, passou a subir, até encerrar próxima das máximas do dia.
Com o desempenho de hoje, a moeda norte-americana, que caía em outubro, voltou a subir no mês, com alta acumulada de 0,4%. Em 2023, a divisa cai 4,42%.
Dólar acelera à tarde e volta a superar R$ 5,00 com fala de Lula sobre meta fiscal
O risco fiscal voltou a dar as cartas no mercado de câmbio doméstico na tarde desta sexta-feira, 27, e levou o dólar à vista a ultrapassar novamente a marca de R$ 5,00. Falas do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, admitindo a possibilidade de déficit primário em 2024, na contramão do previsto pelo arcabouço fiscal e defendido reiteradamente pela equipe econômica, levaram a uma deterioração dos ativos domésticos.
Em queda firme pela manhã e no início da tarde, em sintonia com as perdas da moeda americana na comparação a divisas emergentes, o dólar ganhou força rapidamente e não apenas trocou se sinal como correu até a máxima a R$ 5,0191 na segunda etapa de negócios. Pela manhã, a divisa havia registrado mínima a R$ 4 9317 e, por volta das 14 horas, rondava os R$ 4,97.
É verdade que houve uma deterioração do apetite ao risco no exterior à tarde, com piora das Bolsas em Nova York e avanço do petróleo, mas o dólar seguiu com sinal predominante de queda no exterior, em especial em relação aos pares latino-americanos do real e o rand sul-africano. Apesar do agravamento das tensões no Oriente Médio, o mercado de moedas ainda ecoava a perspectiva de que o Fed mantenha a taxa de juros inalterada na semana que vem, após dados mistos de inflação e renda pessoal nos EUA divulgados pela manhã.