Congresso debate regulamentação do cigarro eletrônico; médicos reforçam os perigos à saúde
Se lá pelas décadas de 1970 e 1980 as propagandas e os filmes transformaram o cigarro em algo legal e descolado para os jovens da época, hoje as redes sociais têm feito esse papel para o cigarro eletrônico – também conhecido como vape. No TikTok, são milhares de vídeos que ensinam a personalizar o próprio aparelho, maneiras diferentes de soltar a fumaça, além de resenhas dos produtos e seus diversos sabores – são aproximadamente 16 mil disponíveis no mercado, entre eles chiclete e bolo de morango.
“O vape deixa uma sensação melhor na boca porque tem gosto e cheiro bons, diferente do cigarro”, compara Elisa* (nome fictício), de 20 anos. Ela preferiu não se identificar para que a família não descobrisse sobre o consumo do produto, que já dura dois anos. “Alguns amigos tinham e me ofereciam, até que aceitei e curti”.
Cigarro eletrônico em alta: 1 a cada 4 jovens no Brasil já usou o aparelho, mostra novo levantamento; saiba os riscos
Aproximadamente 1 a cada 4 jovens de 18 a 24 anos no Brasil (23,9%) já utilizou alguma vez um cigarro eletrônico, embora os aparelhos tenham a venda proibida no país. A tendência é de alta, no ano passado esse percentual era de 19,7%, ou seja, 1 a cada 5 indivíduos na faixa etária. O crescimento, em apenas 12 meses, foi de 21,3%.
Os dados fazem parte da pesquisa Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Tempos de Pandemia, Covitel 2023, lançado nesta quinta-feira. O levantamento é conduzido pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e pela organização global de saúde pública Vital Strategies. Além disso, conta com o apoio da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e da Umane.
Entre janeiro e abril deste ano, o inquérito ouviu nove mil pessoas pelo país, parte de uma amostra representativa da população brasileira. Entre os principais resultados estão os dados referentes ao consumo dos cigarros eletrônicos, que tem crescido rapidamente no Brasil apesar das proibições pela vigilância sanitária.