Manoela Alcântara
16/05/2023 12:41, atualizado 16/05/2023 14:41

A Polícia Federal (PF) identificou áudios e mensagens de celular que apontam planos dos militares do núcleo duro de Jair Bolsonaro (PL) para realizar um golpe de Estado e prender o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

As articulações eram conduzidas pelo ex-major do Exército Brasileiro e advogado Ailton Gomes. O plano foi descoberto pela PF a partir de arquivos do WhatsApp encontrados na quebra de sigilo telemática do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid. Ailton foi candidato pelo PL a deputado estadual no Rio de Janeiro em 2022 e, durante a campanha, apresentava-se como “01 do Bolsonaro”.

Preso preventivamente na Operação Venire por supostamente fraudar dados de vacinação contra Covid-19, o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, inclusive, teria participado de conversa na qual um golpe de Estado era tramado.

Conforme consta em investigação sigilosa da Polícia Federal, Ailton Gomes se dispôs “a incitar grupos de manifestantes para aderirem a pautas antidemocráticas no interesse do ex-presidente da República Jair Bolsonaro, havendo fortes indícios de que o referido investigado, além de ter proximidade com o ex-ajudante de Ordens Mauro Cid, também teria um contato direto com o ex-presidente”, diz texto da investigação.

Além disso, os arquivos encontrados após a quebra telemática revelam que Ailton Barros “tinha proximidade com integrantes de grupos que lideraram as manifestações ocorridas no dia 7 de setembro, possivelmente do ano de 2021, se colocando à disposição para inserir pautas de ataque ao STF, ao Ministro Alexandre de Moraes e ao sistema eletrônico de votação”.

As imagens capturadas de diálogos indicam ainda que Barros trocava mensagens sobre esses temas com o contato registrado como “PR01”, chamado pelo investigado de “PR”.

O plano de golpe era planejado em decorrência da não aceitação do resultado da eleição presidencial ocorrida em 2022, visando manter no Poder, Jair Bolsonaro. Além de restringir o exercício do Poder Judiciário brasileiro, por meio da prisão de Moraes – informação antecipada pela coluna de Paulo Cappelli, do Metrópoles, em janeiro deste ano.

Áudios
Datado de 15 de dezembro, um dos áudios mostra Barros dizendo: “É o seguinte: entre hoje e amanhã, sexta-feira, tem que continuar pressionando o Freire Gomes [então comandante do Exército] para que ele faça o que tem que fazer”.

“Até amanhã à tarde, ele aderindo, bem, ele faça um pronunciamento, então, posicionando-se dessa maneira, para defesa do povo brasileiro. E, se ele não aderir, quem tem que fazer esse pronunciamento é o Bolsonaro, para levantar a moral da tropa. Que você viu, né? Está abalada em todo o Brasil”, complementa Barros.

O acusado de conversar com Mauro Cid também foi preso na Operação Venire, deflagrada pela PF, em 3 de maio, para investigar uma associação criminosa acusada de inserir dados falsos de vacinação contra Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde.

No total, a PF cumpriu 16 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva, em Brasília e no Rio de Janeiro.

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